segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os Entorpecidos pela Mídia! [OnJack Ed. 190#]

 

Apesar de, nos anos 60 e 70, as mídia nacionais terem injetado uma forte dose de racionalidade e de fatos no de­bate sobre a cannabis, em grande medida eles foram incapazes de fazer a distinção entre a proibição da marijuana e a mais vasta histeria da "guerra às drogas", a qual "tinha mais saída" nos anos 80.

 

Os ativistas do cânhamo foram igno­rados, os eventos que promoveram fo­ram censurados e excluídos das grelhas de programação — os meios de comunicação recusam mesmo anúncios pagos sobre eventos ou produtos legais de câ­nhamo, não destinados a ser fumados. O que é que aconteceu à verificação dos fatos?

 

 

Em vez de servirem como atentos vi­gilantes das atividades do governo e garantes da confiança do público, os gru­pos noticiosos empresariais consideram-se uma ferramenta lucrativa cujo obje­tivo é forjar "consensos" sobre política nacional.

 

Segundo grupos como o Justiça e Exatidão na Reportagem (FAIR) e investigadores como Ben Bakdikian e Mi­chael Parenti, estas empresas definem e protegem o "interesse nacional" — por vezes significando os seus próprios inte­resses financeiros e agendas políticas dis­simuladas. Deve recordar-se que muitas das principais empresas jornalísticas possuem interesses diretos em povoa­mentos florestais para produção de papel, e que as empresas farmacêuticas, petroquímicas, etc, se encontram entre os principais anunciantes das mídias.

 

Num artigo publicado na revista do LA. Times de 7 de Maio de 1989, intitula­do "Nada funciona" (tema que desde então foi retomado em centenas de revistas, incluindo a Time e a Newsweek), Stanley Meiseler lamentou os problemas que as escolas enfrentam com os seus programas de educação sobre drogas, e revelou inadvertidamente os pressupos­tos e preconceitos dos meios de comuni­cação social:

 

"Os críticos acreditam que alguns programas educativos foram prejudica­dos devido ao exagero dos problemas causados pelas drogas. Diretores e professores, observados de perto por res­ponsáveis municipais, sentem-se pres­sionados a não revelar aos seus alunos que a marijuana, embora prejudicial,* é menos viciante que os cigarros (...) A incapacidade de reconhecer tais infor­mações significa que os programas escolares arriscam-se a perder credibilidade. Porém, programas mais honestos pode­riam revelar-se mais prejudiciais ainda'. (Itálico nosso.)

 

O malefício previsto por Meiseler é um aumento previsível no consumo de marijuana quando as pessoas forem informadas dos benefícios para a saúde e ausência de riscos físicos ou psicológicos que estão envolvidos. Muitas pessoas de­cidiram que preferem erva (a qual apa­rentemente não precisa de fazer publici­dade), ao invés de álcool e tabaco, na promoção dos quais se dispendem tantos dólares em anúncios.

* No artigo não foi citado nenhum estudo específico mostrando os alegados efeitos nefastos da marijuana. De fato, a cannabis mal foi men­cionada, exceto nesta referência e numa nota dizen­do que as empresas de desintoxicação relatam al­gum sucesso na "quebra de uma leve dependência de marijuana e álcool".

A INJUSTIÇA PROSSEGUE

Em 2 de Agosto de 1977, o presidente Jimmy Carter dirigiu-se ao Congresso a propósito de outro tipo de malefício causado pela proibição das drogas, dizendo: "As sanções contra a posse de uma droga não deviam ser mais prejudiciais para o indivíduo do que o uso da própria droga".

 

"Sendo assim, apoio legislação emen­dando a lei federal de forma a eliminar todas as sanções criminais federais para a posse de até uma onça de marijuana".

 

Porém, os esforços feitos por Carter há 2 anos atrás com vista a aplicar até mesmo este módico de racionalidade às leis americanas sobre a marijuana foram sabotados por um Congresso apostado em mostrar que é duro com o crime, sem querer saber se determinada ação é cri­minosa ou coloca alguma ameaça real à sociedade, por mais pessoas que sejam prejudicadas no processo.

 

E esta atitude de intolerância e opressão entrou em escalada nos anos pós-Carter.

Em 1990, 30 estados tinham estabeleci­do campos de "Encarceramento Alternativa Especial" (SIA) (chamados "campos de recruta") onde consumidores de drogas neófitos e não-violentos são encarcerados numa instituição sob um regime tipo recruta militar, baixo o qual são abusados verbalmente e desgastados psicologica­mente de forma abandonarem a sua ati­tude dissidente para com o uso de drogas. Agora, em 1998, 42 estados têm campos especiais de encarceramento alternativa que implementam programas semelhantes.

 

Os prisioneiros são tratados com pre­cisão robótica, e aqueles que não se confor­mam são sujeitos a encarceramento na peni­tenciária estadual. A maioria destes jovens estão detidos devido a marijuana. Há mais estados que estão a considerar a imple­mentação de programas semelhantes.*

* In These Times, "Gulag for drug users", 20 de Dezembro de 1989, pág. 4.

 

Qual foi o pretexto usado para "justifi­car" esta política antiamericana? Um punhado de relatórios oficiais e estudos do governo, os quais são promovidos pela DEA, por políticos e pela mídia com vista a mostrar que a marijuana é "pre­judicial para o indivíduo". De seguida iremos considerar alguns destes infames estudos.

Um comentário:

  1. Legal a materia, mas acho que vocês poderiam começar a mostrar como a midia daqui vem mostrando isso também. Percebo que nos jornais as noticias tem saido com mais clareza do que na tv, e incrivelmente a TV parece não falar a mesma lingua que os jornais impressos, pois se sai algo relevante lá, nada é comentado na tv. Acho que é o tipo de materia que que seria bem interessante, talvez até mais que essa dai, visto que relata um caso mais de 20 anos atrás e ainda em outro país!!!

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